O que é o Transplante?
Transplante é um procedimento através do qual se implanta num organismo (designado receptor) um órgão ou tecido proveniente de outro organismo (designado dador).
Existem dois grandes grupos de transplante:
- Transplante de órgãos sólidos ex: rim, fígado, coração, pulmões, pâncreas, etc.
- Transplante de tecidos – ex: medula óssea, células endócrinas, pele, etc.
Fala-se de auto-transplante quando o organismo dador é o mesmo que recebe o órgão ou tecido transplantado.
Fala-se de alo-transplante quando o organismo dador é outro indivíduo, da mesma espécie.
Neste caso, o dador pode estar vivo (dador vivo) ou ter acabado de falecer (dador cadáver).
Fala-se de xenotransplante quando o organismo dador pertence a outra espécie animal (ex: transplante de um coração de macaco num ser humano). Este tipo de transplante ainda não se pratica correntemente.
Como se obtêm Órgãos para Transplante?
É possível obter órgãos de duas formas:
Dador Vivo – é quando o candidato a transplante recebe um órgão que é retirado de uma outra pessoa, geralmente um familiar, com o qual tenha compatibilidade
Dador Cadáver – é quando o orgão é retirado de alguém que acaba de falecer.
Dador Vivo
O processo de selecção de um dador vivo varia significativamente de acordo com o órgão a transplantar. Em geral, o dador deverá ser um indivíduo saudável, mentalmente capaz de afirmar a sua vontade de doação, sem pressões de ordem emocional ou sócio-económica.
No caso da doação de rim ou fígado, em Portugal são aceites, como dadores, familiares, cônjuges, amigos ou qualquer outra pessoa, independentemente de haver qualquer relação de consanguinidade (Lei nº 22/2007, de 29 de Junho).
Antes de ser aceite como dador, o indivíduo é sujeito a minuciosos exames físicos, laboratoriais, radiológicos e outros, de forma a detectar quaisquer factores que possam tornar mais arriscada a doação no seu caso.
Se um desses factores for detectado, o indivíduo será recusado como dador.
Dador vivo de rim
Dador vivo de fígado
Dador vivo de medula óssea
Dador Cadáver
Qualquer pessoa, ao falecer, é um potencial dador de órgãos ou tecidos para transplante, desde que, em vida, não se tenha manifestado contra esta possibilidade, nomeadamente através de inscrição no Registo Nacional de Não-Dadores. (No caso de se tratar de uma pessoa menor de idade ou mentalmente incapaz, é válida a vontade de quem detenha o poder paternal).
No entanto, para que possa haver doação de órgãos têm que reunir-se um conjunto de circunstâncias:
- o dador tem que falecer num Hospital
- depois de se verificar a paragem irreversível das funções cerebrais ou cardio-respiratórias, o corpo tem que ser mantido artificialmente, desde o momento da morte até ao momento da extracção dos órgãos.
- é necessário que se conheça, com exactidão, a causa da morte. Não são aceites como dadores indivíduos que sejam, na altura da morte, portadores de uma doença infecto-contagiosa, de um tumor maligno ou de uma doença com repercussão nos órgãos a transplantar.
Também são contra-indicações, embora relativas, para a doação, uma história clínica de Hipertensão Arterial, de Diabetes ou a idade avançada.
No que respeita à idade, os dadores mais desejáveis são os que têm entre 15 e 55 anos, mas a idade é valorizada caso a caso, de acordo com o tipo de órgão a utilizar e com o conhecimento da história clínica do dador.
– Uma vez certificada a morte, e se o cadáver tiver características adequadas à doação (ou seja, se os seus órgãos puderem ser úteis para curar ou melhorar a saúde de outras pessoas), o coordenador hospitalar para a transplantação tem a obrigação de se informar, por todos os meios ao seu alcance, sobre a vontade expressa em vida por aquele indivíduo em relação à doação. Para este efeito, são consultados o Registo nacional de Não-Dadores e, sobretudo, os familiares próximos do falecido. No caso de não existirem objecções, prosseguir-se-á com o procedimento de colheita.
O que acontece depois da extracção de órgãos ou tecidos de um cadáver?
Não há qualquer diferença em relação a outra morte em contexto hospitalar.
A extracção de órgãos ou tecidos é feita num Bloco Operatório, em condições de assepsia, e consiste numa intervenção cirúrgica realizada por uma equipa médica e de enfermagem especializada. O corpo não fica desfigurado e é sempre tratado com o máximo respeito.
Depois desta intervenção, o cadáver é transferido para a morgue do hospital, como qualquer outro cadáver.
Quanto aos órgãos colhidos, são mergulhados num líquido de preservação e enviados para o hospital onde irá ser feito o transplante.
O que é a Imunossupressão?
Ao receber um órgão transplantado, o organismo vai reconhecê-lo como um objecto estranho , algo que não lhe pertence e, portanto, o seu sistema imunitário vai atacá-lo.
É necessário tentar evitar esse ataque – é o objectivo da imunossupressão.
A imunossupressão consiste na administração de medicamentos que vão impedir que o sistema de protecção do organismo ataque o órgão transplantado, rejeitando-o. Esses medicamentos, também chamados anti-rejeição, actuam sobre as células de defesa os linfócitos-, impedem a produção ou a actuação dos anti-corpos, dificultam o reconhecimento de proteínas estranhas, etc. Esta acção é vital para conseguir que o organismo aceite o transplante, mas interfere também com a defesa contra outros objectos estranhos , como os agentes de infecção.
Por isso, quando se faz imunossupressão, o indivíduo tem uma maior susceptibilidade às infecções. No entanto, se não estivesse adequadamente imunossuprimido, rapidamente rejeitaria o transplante.