Sociedade Portuguesa de Transplantação
Estatutos
Não é possível, por ventura, fixar-se o início das atividades de transplantação de tecidos humanos no nosso País, seguramente ocorrido há várias décadas nos nossos principais centros médicos. De qualquer modo e sem minimizar a enorme importância da terapêutica dos auto e dos homoenxertos de tecidos como contributo para salvação de vidas ou para a melhoria da saúde de muitos doentes, prática dos alotransplantes de órgãos vitais, sobretudo com recurso a colheitas no cadáver, abriu perspectivas completamente novas em vários capítulos das terapêuticas substitutivas, com notáveis reflexos multidisciplinares e benefícios humanos e materiais hoje incontestados, mesmo no nosso País.
Mas estas conquistas de natureza científica e clínica não se impõem às sociedades civis e políticas apenas pelos seus próprios e indiscutíveis méritos. A era das transplantações de órgãos vitais iniciou-se em Julho de 1969 a partir de dador vivo e firmou-se definitivamente com a primeira colheita e transplante de rins de cadáver em Junho de 1980 e posteriores desenvolvimentos nos três grandes centros médicos, envolvendo já a transplantação de outros órgãos e tecidos e beneficiando, necessariamente, dos contributos de uma plêiade avultada de Especialistas em várias áreas das Ciências Médicas.
Alguns destes elementos das várias equipas têm dedicado às transplantações não só uma parte apreciável do seu tempo profissional, mas ainda esforços intensos e de natureza diversa no sentido de viabilizar a rotina e o crescimento qualitativo das transplantações, em benefício das vidas de centenas de doentes.
Decorre da própria natureza do progresso científico a necessidade de cooperação permanente, de troca de conhecimentos e de união de esforços não só no âmbito estritamente científico-tecnológico, mas também na defesa dos aspectos éticos e de outros circunstancialmente correlacionados.
Por isso, os Médicos mais diretamente envolvidos neste percurso histórico do desenvolvimento das transplantações em Portugal se sentiram no dever de lançar os fundamentos da Sociedade Portuguesa de Transplantação, crendo que, para além dos objetivos naturais das Sociedades Científicas, lhe poderá caber, à partida, um importante papel específico na defesa dos interesses dos milhares de doentes que em anos próximos poderão vir a beneficiar de transplantações de órgãos e tecidos.